11/13/17

Desejo, Amor e Esperança ou a Felicidade Desesperada


Desejo, Amor e Esperança ou a Felicidade Desesperada
"Há duas catástrofes na existência", dizia George Bernard Shaw: "a primeira é quando nossos desejos não são satisfeitos; a segunda é quando são." Frustração ou decepção. Sofrimento ou tédio. Inanição ou inanidade. É o mundo do Eclesiastes tudo é vaidade e correr atrás do vento, Ilusão? talvez!
O Homo Sapiens durante a revolução cognitiva a 2,5 milhões de anos já buscava satisfazer seus desejos, mesmo que para isso tivesse em seu ideal, exterminar os Nendertais da Europa e do Oriente Médio. E conseguiu, Alias, O sapiens é cirúrgico quando se trata de extinção, seja lá do que for. Foi assim que aconteceu com a mega fauna Australiana e a Americana e então, por fim, restou como única espécie humana. Assim, ele tem inato em seu espirito, em sua natureza e DNA, o desejo, o amor e a esperança. Mas como se definem? De fato, quem não deseja ser feliz? A busca da felicidade é a coisa mais bem distribuída do mundo. Estou com alguns séculos de atraso nessa argumentação, mas vou seguir a onda, que onda? a da sabedoria, da filosofia antiga ou à antiga, da ética, da felicidade. O fato é que o ponto de partida, em filosofia, foi reatar com essa velha questão grega e filosófica, a questão da felicidade, da vida boa, da sabedoria. Não tenho escolha, não teria podido filosofar de outro modo a não ser seguindo Montaigne ou Descartes, Spinoza ou Alain, Mareei Conche e ainda Louis Althusser. O essencial é antes de mais nada não se mentir. Não se mentir sobre a vida, sobre nós mesmos, sobre a felicidade. Então se você é feliz, é evidente que não tenho nada a lhe dar. Se tua felicidade é verdadeira, então tu és mais sábio do que eu, logo, o que um sábio teria a fazer com um discípulo da filosofia? Esse é o ponto de partida não somos felizes, ou não o somos suficientemente, ou demasiado raramente. Mas por quê? filosofar serve para aprender a viver, se possível antes que seja tarde demais, antes que seja absolutamente tarde demais." nunca é "nem cedo demais nem tarde demais" para filosofar, já que nunca é nem cedo nem tarde demais para "assegurar a saúde da alma", em outras palavras para aprender a viver ou para ser feliz. Temos aqui uma ideia de felicidade, E a ideia de Pascal todo homem quer ser feliz, inclusive o que vai se suicidar. Se ele comete suicídio, é para escapar da infelicidade; e escapar da infelicidade ainda é se aproximar, pelo menos tanto quanto possível, de uma certa felicidade, nem que ela seja negativa ou o próprio nada. Não se escapa do princípio de prazer: querer escapar-lhe (pela morte, pelo ascetismo...) é ficar submetido a ele. Portanto temos um desejo de felicidade, e esse desejo é frustrado,decepcionado, ferido.
O que é o desejo? O que é o amor?
Sócrates dá a seguinte resposta: o amor é desejo, e o desejo é falta. E Platão reforça: "O que não temos, o que não somos, o que nos falta, eis os objetos do desejo e do amor." Essa ideia vai até os dias de hoje. Por exemplo, em Sartre: "O homem é fundamentalmente desejo de ser" e "o desejo é falta". É o que nos fada ao nada ou à "caverna", digamos ao idealismo: o ser está alhures, o ser é o que falta! Na medida em que Platão tem razão, ou na medida em que somos platônicos (mas no sentido de um platonismo espontâneo), na medida em que desejamos o que nos falta, é impossível sermos felizes. Por quê? Porque o desejo é falta, e porque a falta é um sofrimento. Como você pode querer ser feliz se lhe falta, precisamente, aquilo que você deseja? No fundo, o que é ser feliz? ser feliz é ter o que se deseja. Mas, se o desejo é falta, só desejamos, por definição, o que não temos. Ora, se só desejamos o que não temos, nunca temos o que desejamos, logo nunca somos felizes. Não que o desejo nunca seja satisfeito, a vida não é tão difícil assim. Mas é
que, assim que um desejo é satisfeito, já não há falta, logo já não há desejo. Assim que um desejo é satisfeito, ele se abole como desejo: "O prazer" escreverá Sartre, "é a morte e o fracasso do desejo." E, longe de ter o que desejamos, temos então o que desejávamos e já não desejamos. Como ser feliz não é ter o que desejávamos mas ter o que desejamos, isso nunca pode acontecer (já que, mais uma vez, só desejamos o que não temos). De modo que ora desejamos o que não temos, e sofremos com essa falta, ora temos o que, portanto, já não desejamos. Não há amor feliz na medida em que o desejo é falta, a felicidade é perdida.
Por fim, a Esperança 
Porque o desejo é falta e, na medida em que é falta, a felicidade necessariamente é perdida. É o que se chama de as armadilhas da esperança - sendo a esperança a própria falta no tempo e na ignorância. Só esperamos o que não temos. somos tanto menos felizes quando mais esperamos ser felizes. Estamos constantemente separados da felicidade pela própria esperança que a busca. A partir do momento em que esperamos a felicidade ("Como eu seria feliz se..."), não podemos escapar da decepção seja porque a esperança não é satisfeita (sofrimento, frustração), seja porque ela o é (tédio ou, mais uma vez, frustração: como só podemos desejar o que falta, desejamos imediatamente outra coisa e por isso não somos felizes...). É o que Woody Allen resume numa fórmula "Como eu seria feliz se fosse feliz". É impossível portanto que ele o seja algum dia, já que está constantemente esperando vir a sê-lo. o que é então a esperança? É um desejo não podemos esperar o que não desejamos. Toda esperança é um desejo; mas nem todo desejo é uma esperança. O desejo é o gênero próximo, como diria Aristóteles, do qual a esperança é uma espécie. Muitos responderão que é um desejo referente ao futuro. Mas não é o caso de toda esperança, uma esperança é um desejo referente ao que não temos, ou ao que não é, em outras palavras, um desejo a que falta seu objeto. É o desejo segundo Platão. E é de fato o motivo pelo qual, na maioria das vezes, a esperança se refere ao futuro porque o futuro nunca está aqui, porque do futuro, por definição, não temos o gozo efetivo. É por isso que esperamos, esperar então, é desejar sem gozar. É por isso que, a esperança se refere na maioria das vezes ao futuro porque o futuro, na maioria das vezes, é desconhecido. Se for conhecido, já não será objeto de uma esperança. Só se espera o que se ignora quando se sabe, já não há por que esperar. A esperança e o conhecimento nunca se encontram, em todo caso nunca têm o mesmo objeto nunca esperamos o que sabemos; nunca conhecemos o que esperamos. Se alguém lhe disser "Quero que faça um dia bonito amanhã", você poderá responder: "Você, pode dizer 'quero', mas a verdade é que você espera, porque não depende de você." Só esperamos o que somos incapazes de fazer, o que não depende de nós. Quando podemos fazer, não cabe mais esperar, trata-se de querer. a esperança é um desejo cuja satisfação não depende de nós. esperar é desejar sem gozar; esperar é desejar sem saber. Podemos acrescentar: esperar é desejar sem poder.
Se as premissas são verdadeiras, a conclusão é verdadeira, ou será que não? podemos supor uma encruzilhada aqui. O desejo é a própria essência do homem; mas há três maneiras principais de desejar, três ocorrências principais do desejo: o amor, a vontade, a esperança. Então toda essa argumentação pode ser reorganizada, por abstração, buscando uma felicidade real e uma esperança que realmente seja. Podemos falar de ato e potencia, podemos falar de fé. Mas isso fica para o próximo Jour de bonheur. Que sejamos menos felizes do que os outros imaginam ou que finjamos sê-lo, é evidente; mas, apesar de tudo, não tão infelizes quanto deveríamos ser.

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