Reforma Intima, você já fez a sua?
“Não há reforma para o que não se estraga. O espírito é o
mesmo em todos e só necessita de uma coisa: desenvolvimento.” ( Herculano Pires 1914 – 1979)
Bonjour, Ça va
bien?
Uma
característica fundamental do homem que se diz religioso é proceder à reforma
íntima de si próprio. Essa metanóia – mudança essencial de pensamento ou de
caráter, transformação espiritual – é um processo fundamental para a construção
do homem novo a que se refere Paulo (Efésios, 4: 22-24): “Renunciai à vida passada,
despojai-vos do homem velho, corrompido pelas concupiscências enganadoras.
Renovai sem cessar o sentimento da vossa alma, e revestivos do homem novo,
criado à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade.”. Sempre presente nas religiões esse Deus
antropomorfo idealizado a imagem e semelhança do Homem, acredito ser essa uma
das maiores pretensões humanas querer se igualar (fisicamente) a um ser
Imaterial e eterno que não conhecemos e nunca vimos. Sou repetitivo as vezes,
faz parte de mim, acredito que o conhecimento deve ser sim repetido para que eu
lembre e para que os outros não esqueçam. Se considerar a imagem e semelhança
de uma entidade onisciente e transcendente, já não engloba uma ideia de
reforma, mas sim de perfeição. Trago então o conceito de Reforma Intima vivida
pelos Espíritas e muitos Espiritualistas e depois o mesmo conceito idealizado
por Herculano Píres que também era espírita.
O que é a Reforma Íntima segundo o espiritismo? A Reforma Íntima é um processo contínuo de auto conhecimento da nossa intimidade espiritual, modelando-nos progressivamente na vivência evangélica, em todos os sentidos da nossa existência. É a transformação do homem velho, carregado de tendências e erros seculares, no homem novo, atuante na implantação dos ensinamentos do Divino Mestre, dentro e fora de si. A Reforma Intima é então um meio de nos libertarmos das imperfeições e de fazermos o trabalho de burilamento dentro de nós. O que seria compatível com as aspirações que nos levam ao aprimoramento do espírito. Como fazer então a reforma intima dentro da Doutrina Espírita? Quando decidimos iniciar o trabalho de melhorar a nós mesmos, o meio mais efetivo é a escola de aprendizes ( ESDE) cujo objetivo central é exatamente esse. Com a orientação dos dirigentes, num regime disciplinar, apoiados pelo próprio grupo e pelas orientações da espiritualidade conseguimos vencer as naturais dificuldades de tão nobre empreendimento, e transpomos as nossas barreiras. Mas também, até sozinhos podemos fazer a nossa reforma intima, desde que nos empenhemos com afinco e denodo, vivendo coerentemente com os ensinamentos de Jesus. (Extraído do manual Prático do Espírita)
Vejamos a seguir a definição de Herculano Píres, filósofo espírita, escreveu perto de oitenta
livros sendo considerado um dos autores
mais críticos dentro do movimento e que defendia o conceito de pureza
doutrinaria, segundo a qual era preciso preservar a doutrina de todo tipo
de mística e esoterismo. Segue então o
conceito de HP sobre a reforma intima.
“ O Espiritismo não criou igrejas, não precisa de templos
suntuosos e tribunas luxuosas com pregadores enfatuados. Não tem rituais, não
dispensa bênçãos, não promete Lugar
celeste a ninguém, não confere honrarias em títulos ou diplomas especiais, não
disputa regalias oficiais. Sua única missão é esclarecer, orientar, indicar o
caminho da autenticidade humana e da verdade espiritual do homem. Se não
compreendermos isso e nisso não nos integrarmos estaremos sendo pedras de
tropeço para os que desejam realmente evoluir, não por fora, mas por dentro. E
esse por dentro não quer dizer reforma, mas desenvolvimento das potencialidades
do espírito. A teoria da reforma intima é um engodo que levou muitos
companheiros aproveitáveis à vaidade adulteradora. Não há reforma para o que
não se estraga. O espírito é o mesmo em todos e só necessita de uma coisa:
desenvolvimento. Enquanto não desenvolver a sua capacidade de compreender, analisar,
julgar, discernir e respeitar a verdade não terá condições para modificar-se
por dentro. Mesmo porque essa modificação só pode ocorrer pelo esforço pessoal
de cada um. A expressão reforma intima é inadequada, pois implica a ideia de
substituição de coisas, conserto, modificação em disposições internas, como
numa casa ou numa loja. As disposições internas do espírito correspondem ao seu
grau de evolução, como nos mostra a Escala Espírita de Kardec. O espírito é
vida e não arranjo. Seu desenvolvimento depende de experiências, estudos,
reflexão — tudo isso com mente aberta para a realidade e não fechada em
esquemas artificiais. Ninguém se reforma nem pode reformar os outros. Mas todos
podem superar as suas condições atuais, romper os limites em que a mente se
fechou e transcender-se. Os modelos de figurino espiritual são inócuos e até
mesmo prejudiciais. A responsabilidade espírita é individual, cada qual
responde por si mesmo e não pode prender-se a supostos mestres espirituais. Um
espírita que se sujeita às lições de um mestre pessoal não é espírita, é um
beato seguindo Antônio Conselheiro. O despertar da consciência na experiência é
o seu caminho único de progresso. Ele não confia em palavras, mas nos fatos.
Não busca a ilusão de uma salvação confessional, mas aprofunda-se no
conhecimento doutrinário para saber por si mesmo onde pisa e para onde vai… Os
que precisam de mestres não confiam em si mesmos, fazem-se ovelhas de um
rebanho. No Espiritismo não há rebanhos nem pastores: há trabalho a fazer, afinidades
a estabelecer entre companheiros em pé de igualdade, toda uma batalha a vencer,
há os pesados resíduos teológicos, supersticiosos e obscurantistas que esmagam
a ingenuidade das massas. O Espiritismo é uma tomada de consciência da
responsabilidade do homem na existência, da sua liberdade e da sua
transcendência. Os espíritas que ainda se alimentam de leite — como escreveu
Paulo — precisam tratar de crescer e alimentar-se de coisas sólidas,
consistentes. Por Herculano Pires no
livro “Curso Dinâmico de Espiritismo”
Dentro do mesmo paradigma doutrinário, dois conceitos
diferentes. Fico com o de HP. Podemos ter um terceiro? onde
está o limite, a linha divisória dentro da religião para a verdade e os
paralogismos humanos. Como usar as
qualidades do ser humano e sua moral, seus padrões de crescimento evolutivo
para o espírito se não sabemos com absoluta certeza quais os padrões que
norteiam essa entidade em seu real plano? Não podemos usar a autoridade dos
outros para afirmar o que é e o que não é. Não creio ser a religião e seus dogmas o caminho para reforma espiritual, muito menos
para evolução. A religião te engessa, te bloqueia a liberdade do pensamento
quando te indica como agir e como pensar. A religião te faz dobrar os joelhos, o
conhecimento te dá assas dizia alguém no mundo da vida. A matéria e a anti matéria, o átomo e a inexistência dessa mesma matéria ou substancia
, a consciência subjetiva e a sombra da inconsciência submersa nos arquivos do
Dna humano e das sinapses cerebrais nos
fazem argumentar em vão, ainda engatinhamos no espírito, longe da perfeição na matéria
queremos imprimir qualidades materiais deste plano para nos servirem em uma
próxima etapa em uma suposta jornada espiritual norteada pela cultura religiosa
humana. Conhece-te a ti mesmo, busca teu
caminho na moral, comprovada e justificada pela lógica, respeita toda forma de vida sobre
o teu planeta e vive pelo teu trabalho, protege os teus amores, sonha os teus desejos e vive cada dia com humildade,
usando a cultura empírica que adquiriste com o passar dos anos como lastro, E aguarda
então tranquilo no final, talvez um novo inicio, uma nova programação, um novo
paradigma, uma nova escola. Quem sabe algo que ninguém viu, sonhou ou idealizou
para ti, para nós. Surpresa do demiurgo que nos brindou até hoje, com tantos
mistérios, tão numerosos quanto a imensidão do universo.
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